terça-feira, 8 de abril de 2014

Extinções em massa

"Criação e destruição são como dois lados de uma moeda: a manhã morre para dar luz à tarde. A tarde morre quando nasce a noite. Nesta cadeia de nascimento e morte, o dia é mantido" - assim como os equilíbrios da historia da vida originam-se de recuperações criativas que sucedem destruições gigantescas. 


As extinções em massa têm influência-chave na história da vida na terra. Os dinossauros morreram há cerca de 65 milhões de anos na grande destruição do período cretáceo, que também pôs fim a cerca de metade das espécies de invertebrados de água rasa. 
Luis e Walter Álvares, Frank Asaro e Helen MICHAEL propuseram a hipótese que um grande asteróide, com cerca de dez quilômetros de diâmetro, chocou-se com a terra e depositou o irídio há cerca de 65 milhões de anos.
David Raup e Jack Sepkoski, trabalhando com amplas compilações das épocas de vida e morte de famílias fósseis, descobriram uma periodicidade de 26 milhões de anos nas extinções durante os últimos 225 milhões de anos.
Walter Alvarez e Richard A Muller descobriram periodicidade semelhante em ritmo e intervalo (28,5 milhões de anos), aos picos de extinção de Raup - Sepkoski, em crateras de impacto bem datado da Terra, com diâmetros de mais de dez quilômetros.
Que objetos extraterrestre poderia introduzir irídio, mas também atingir a Terra com um ritmo coerente?  O pensamento deslocou-se de asteróides para cometas.
Bilhões de cometas circundam o sol num envoltório chamado nuvem de Oort, localizado bem além da órbita de Plutão.
Podemos identificar duas posições extremas como guias para a interpretação do padrão da vida no tempo. A primeira sustenta que a competição entre as espécies impele à história da vida e especifica as suas mudanças estáveis. Mesmo que os meios ambientes fossem perfeitamente constantes, a evolução continuaria, já que os organismos lutam com outros na corrida pela vida.
A segunda é que se as extinções em massa são tão profundas em seus efeitos, e causadas fundamentalmente por agentes tão catastróficos em impacto e tão completamente além do poder de antecipação dos organismos, então a historia da vida tem uma aleatoriedade irredutível ou opera através de novas e desconhecidas regras de perturbações, não por meio de leis que regulam a competição previsível em tempos normais.
A partir disso podemos considerar três questões:
1 - Quanto dos 26 milhões de anos entre catástrofes são necessários para que a vida recupere a sua antiga riqueza (em número de espécies e complexidade ecológica)?
2 - Os padrões de quem morre e de quem sobrevive a uma catástrofe são coerentes com remoções do campo da vida puramente aleatórias? Se a aleatoriedade não funcionar, as regularidades da extinção em massa testemunham regras diferentes das que governam a ordem dos tempos normais entre catástrofes?
3 - Por que as extinções cíclicas são tão diferentes no que se refere à força (uma que varre mais de 90 % das espécies, outras que se elevam tão pouco acima dos níveis de fundo que necessitamos dos dados refinados de Sepkoski para reconhecê-los)?
 Grandes extinções significariam mais cometas; pequenas extinções, menos cometas? As coisas não costumam ocorrer de uma forma tão mecanicamente simples. Acredito que devemos lembrar-nos de correlatos terrestres, como nível do mar, erupções vulcânicas, alterações climáticas, etc. Suspeito que precisamos de uma perspectiva inversa, uma que leve em conta os dados terrestres, pois eles são provavelmente, não as causas, mas os principais reguladores do rigor. Quando os cometas atingem uma biosfera enfraquecida por outros motivos, seguem-se extinções atipicamente grandes.
 Ela ataca aleatoriamente ou de acordo com regras que transcendem os planos e os propósitos de qualquer vítima.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Penso...


"Penso, logo existo! É nesse "logo" que tropeço.
Vamos reformular para Penso que sou, ou Creio que sou. Ou ainda Sinto que sou.
Esta última  parece-me mais verdadeira; porque "penso que sou" não implica que eu seja. Nem tampouco "creio que sou". Já em "sinto que sou"  sou parte e juiz. Sofro, respiro, sorrio, sinto ..., logo sou. 
Sou sem pensar que com esse ato pensante tomo consciência de meu ser.
Se não se pode pensar sem ser, pode-se ser sem pensar!
( Interpretação livre de Gide e Descartes).
                                                              Satyât Nâsti Paro Dharmah

segunda-feira, 24 de março de 2014

FRUTOS DA TERRA - Ronda

Não busques no futuro encontrar um dia o passado. Aprende com a novidade desemelhante de cada momento.
Quando não puderes dizer tanto melhor, diz não faz mal. Há nisso grandes promessas de felicidade.
Aprende que nossos atos prendem-se a nós como a luz do fósforo: fazem nosso resplendor, é verdade, mas tão somente à custa de nosso desgaste. (André Gide).
                                                 Satyât Nâsti Paro Dharmah

segunda-feira, 17 de março de 2014

ALEPH


Aleph, nome da primeira letra do alfabeto hebreu. Na cabala significa a En-Soph, o lugar do conhecimento total. O ponto a partir do qual o espírito distingue de um só golpe a totalidade dos fenômenos, das suas causas e de seus sentidos.
Numerosos textos dizem que essa letra tem a forma de um homem que mostra o céu e a terra, para indicar que o mundo de baixo é o espelho e o mapa do mundo de cima. O ponto para além do infinito, o  Ponto Ômega, de Telhard De Chardin e a finalidade da Grande Obra dos alquimistas.
O argentino Jorge Luis Borges consagrou-lhe a sua mais bela e surpreendente novela, dando-lhe o significativo nome "O Aleph".
Eis a seguir o excerto da novela O Aleph, de Borges:
"... Por baixo do degrau, para a direita, vi uma pequena esfera com um brilho quase intolerável... O diâmetro do Aleph devia ser de dois a três centímetros, mas o espaço cósmico estava dentro sem redução. Vi o mar populoso, via a madrugada e a noite, vi as multidões da América, vi uma teia de aranha prateada no centro de uma pirâmide negra, vi olhos intermináveis fixos em mim. ... Vi a circulação do meu sangue Obscuro, vi a engrenagem do amor e as alterações da morte, vi o Aleph de todos os pontos, vi no Aleph a Terra e na Terra de novo o Aleph, vi meu rosto e minhas vísceras, vi teu rosto e senti vertigem e chorei, por que meus olhos tinham visto esse objeto secreto e conjetural, cujo nome os homens empregam indevidamente: o inconcebível universo.
                                                                                        Satyât Nâsti Paro  Dharmah

ERA DE TRANSFORMAÇÕES

"Porque alguma coisa está acontecendo, mas você não sabe o que é. Ou sabe, senhor Jones?"


Atravessamos tempos difíceis. Somos testemunhas de um choque de proporções cataclísmicas entre duas tecnologias.
Abordamos o novo com o condicionamento psicológico e as reações sensoriais antigos.
Os povos primitivos, anteriores à escrita, integravam tempo e espaço em um único conceito e viviam, preferencialmente, em um espaço mais acústico, sem horizontes, ilimitado, olfativo e menos visual.
Já o homem moderno é um homem visual.
A escrita foi criada para nos ajudar a ver o que ouvimos.
Não temos portas para fechar os sons. Não possuímos pálpebras auditivas.
                                                            Satyât Nâti Parma Dharmah

AS PORTAS DA PERCEPÇÃO






































Na história da ciência, o colecionador de espécies precedeu ao zoologista. Sua preocupação primeira consistia em fazer um levantamento, em recolher, matar, empalhar e descrever tantos animais quantos lhe fosse dado apanhar.
Tal qual a Terra de há um século, nosso cérebro ainda possui suas misteriosas Áfricas e Amazônias. Seus ignotos Bornéus.
Com relação à fauna dessas regiões, ainda não somos zoologistas; não passamos de colecionadores de espécies.
Esta constatação é triste, mas temos que nos conformamos com ela e fazer o melhor que nos fôr possível.
                                                                                                Satyât Nasti Paro Dharmah

RONDA - De minhas sedes mitigadas



Bebi em copos tão finos
Que se podia pensar em quebrá-los com a boca
Antes mesmo que os dentes os tocassem;
E as bebidas pareciam melhores dentro deles
Porque quase nada as separavam de nossos lábios.
Bebi água quase deitado á margem
De regatos onde teria gostaria me banhar,

Com os dois braços nus mergulhados na água viva
Até o fundo, onde se vê pedras brancas agitarem-se...

As maiores alegrias de meus sentidos foram sede mitigadas.
                                                                   André Gide)

Satyât Nasti Paro Dharmah

quinta-feira, 13 de março de 2014

GAIA - José Lutzemberg

"Ou a espécie humana aprende a entrosar-se harmonicamente, ou desapareceremos da mesma forma que desapareceram os grandes sáurios".


A visão cartesiana que ainda domina grande parte do pensamento científico atual coloca-nos como observadores externos da natureza. Os alvos são estreitos e o raciocínio linear. Mas o mundo não é assim. Façamos um experimento mental: acaso seria possível um planeta cheio de vida, como o nosso, mas no qual a vida estivesse constituída apenas por animais, sem que existissem plantas? É claro que não. Por que não?                                                           
Mesmo aqueles animais que só se alimentam de carne, como o leão ou o gavião, que carne comem? Eles comem carne de animais herbívoros ou de animais carnivoros que comeram herbívoros. A coisa sempre termina na planta. Porque termina na planta? Simples: a planta sabe fazer uma coisa que animal nenhum consegue fazer. A planta domina a tecnologia da fotossíntese: capta energia solar, retira do ar gás carbônico, que combina com água para produzir substâncias orgânicas:  CO2 + H2O + energia solar = CH2O+O2.
Vamos agora inverter a nossa pergunta inicial: poderíamos imaginar um planeta com vida, mas sem animais, só com plantas? Impossível.
A fórmula  da fotossíntese mostra que o alimento principal das plantas é o gás carbônico. Mas ele é um gás raro na atmosfera. Porque as plantas não esgotam rapidamente o gás carbônico?  Porque os animais dominam a outra ponta do processo,  a tecnologia  da respiração, produzindo gás carbônico. 
Veja a fórmula simplificada da respiração:  CH2O + O2 = CO2 + H2O.   Exatamente o contrário da fotossíntese.
A planta capta gás carbônico e entrega oxigênio; o animal consome este oxigênio e devolve gás carbônico. O círculo se fecha e a energia que toca esse carrossel  é a radiação solar.
Planta e animal fazem parte da mesma unidade funcional, são órgãos de um organismo maior, o planeta Terra.


Satyât Nâsti Paro Dharmah

domingo, 9 de março de 2014

PROJETO GENOGRÁFICO - História Genética

História Genética: Sebastião Gonçalves do Amaral.
Juntos a IBM e a Nacional Geographic embarcaram numa expedição fascinante e possivelmente única na história humana, com destino ao nosso passado coletivo como espécie. Os participantes mais importantes nesta viagem não foram as organizações patrocinadoras – IBM, Nacional Geographic ou a Waitt Family Foudation -, mas todos nós, dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo que contribuíram com sua informação genética a este estudo.
Como participante desse evento, recebi o Kit do material, efetuei a coleta através da raspagem interna das bochechas e enviei-o ao Projeto Genographic. Isto ocorreu em 2007. Alguns meses depois recebi o resultado, que passo a descrevê-lo resumidamente.
Para ter acesso aos dados completos da pesquisa leie a íntegra do texto seguinte e acompanhe as próximas edições sobre o assunto. 
O resultado de meu cromossoma Y identificou-me como um membro do grupo da linhagem genética – haplogrupo E3b.
Haplogrupo (Hg)- são grupos de linhagens genéticas que compartilham uma mutação ou conjunto de mutações características. 
Como os haplogrupos se definem mediante mutações produzidas em um lugar e tempo específicos da história, normalmente apresentam distribuições geográficas representativas da era e do alcance dos sucessos migratórios que integram tal história. Se olharmos o mapa da rota de meus ancestrais, veremos que os membros do haplogrupo E3b carregam consigo as seguintes mutações do cromossoma Y, que são os marcos genéticos identificadores: M168;YAP;M96;M35.
Os marcos genéticos que definem meu ancestral histórico originaram-se a cerca de 60.000 anos com o aparecimento do primeiro marco comum de todos os homens não-africanos, M168, e prossegue em minha linhagem até os dias presentes, terminando com o M35, o marco definidor do haplogrupo E3b.
Jornada de meus ancestrais:

M168: Meu primeiro ancestral.
Época do aparecimento: a cerca de 50.000 a 75.000 anos.
Lugar de origem: África. Provavelmente norte da África, na região do Rift Valley, provavelmente onde fica hoje a Etiópia, Quênia ou a Tanzânia.
Clima: era do gelo. 
Período: Idade da pedra. 
Ferramentas e habilidades: Ferramentas de pedra.

YAP: Uma mutação ancestral.
Época do aparecimento: Cerca de 50.000 anos
Lugar de origem: África, principalmente no sub-Saara africano.
Clima: Idade do Gelo.
Período: Paleolítico Superior

M96 - O próximo ancestral em minha linhagem nasceu entre 30.000 a 40.000 anos no nordeste da África e teve origem do marco genético M96. 
A origem do M96 não é clara. O conhecido é que houve duas grandes ondas de migração para fora da África. A cerca de 40.000 anos o clima mudara mais uma vez e tornara-se mais frio e mais árido. Áreas verdes africanas tornaram-se desertos. 
Por 20.000 anos toda a região do Saara tornou-se inabitável. Com isso, meus ancestrais só tinham uma opção: mudar-se para o meio-leste - região do Mediterrâneo.

M35: Fazendeiros neolíticos.
Época do aparecimento: 20.000 anos
Lugar de origem: Meio-Leste.
Clima: Idade do Gelo.
Período: Paleolítico Superior e Neolítico. 
Meus ancestrais foram os primeiros agricultores das terras da região do Mediterrâneo. 
Ao final da última idade do gelo, cerca de 10.000 anos atrás, o clima mudara mais uma vez o que favoreceu à Revolução Neolítica, alterando o estilo de vida humano de caçadores nômades para agricultores, encorajando ainda mais a migração através do mundo Mediterrâneo.
Abaixo o texto integral do projeto,que deverá ser acompanhada com o vídeo cujo link encontra-se no início deste artigo.
Projeto Genoma (Clique para ver o vídeo)