quarta-feira, 26 de março de 2014

Penso...


"Penso, logo existo! É nesse "logo" que tropeço.
Vamos reformular para Penso que sou, ou Creio que sou. Ou ainda Sinto que sou.
Esta última  parece-me mais verdadeira; porque "penso que sou" não implica que eu seja. Nem tampouco "creio que sou". Já em "sinto que sou"  sou parte e juiz. Sofro, respiro, sorrio, sinto ..., logo sou. 
Sou sem pensar que com esse ato pensante tomo consciência de meu ser.
Se não se pode pensar sem ser, pode-se ser sem pensar!
( Interpretação livre de Gide e Descartes).
                                                              Satyât Nâsti Paro Dharmah

segunda-feira, 24 de março de 2014

FRUTOS DA TERRA - Ronda

Não busques no futuro encontrar um dia o passado. Aprende com a novidade desemelhante de cada momento.
Quando não puderes dizer tanto melhor, diz não faz mal. Há nisso grandes promessas de felicidade.
Aprende que nossos atos prendem-se a nós como a luz do fósforo: fazem nosso resplendor, é verdade, mas tão somente à custa de nosso desgaste. (André Gide).
                                                 Satyât Nâsti Paro Dharmah

segunda-feira, 17 de março de 2014

ALEPH


Aleph, nome da primeira letra do alfabeto hebreu. Na cabala significa a En-Soph, o lugar do conhecimento total. O ponto a partir do qual o espírito distingue de um só golpe a totalidade dos fenômenos, das suas causas e de seus sentidos.
Numerosos textos dizem que essa letra tem a forma de um homem que mostra o céu e a terra, para indicar que o mundo de baixo é o espelho e o mapa do mundo de cima. O ponto para além do infinito, o  Ponto Ômega, de Telhard De Chardin e a finalidade da Grande Obra dos alquimistas.
O argentino Jorge Luis Borges consagrou-lhe a sua mais bela e surpreendente novela, dando-lhe o significativo nome "O Aleph".
Eis a seguir o excerto da novela O Aleph, de Borges:
"... Por baixo do degrau, para a direita, vi uma pequena esfera com um brilho quase intolerável... O diâmetro do Aleph devia ser de dois a três centímetros, mas o espaço cósmico estava dentro sem redução. Vi o mar populoso, via a madrugada e a noite, vi as multidões da América, vi uma teia de aranha prateada no centro de uma pirâmide negra, vi olhos intermináveis fixos em mim. ... Vi a circulação do meu sangue Obscuro, vi a engrenagem do amor e as alterações da morte, vi o Aleph de todos os pontos, vi no Aleph a Terra e na Terra de novo o Aleph, vi meu rosto e minhas vísceras, vi teu rosto e senti vertigem e chorei, por que meus olhos tinham visto esse objeto secreto e conjetural, cujo nome os homens empregam indevidamente: o inconcebível universo.
                                                                                        Satyât Nâsti Paro  Dharmah

ERA DE TRANSFORMAÇÕES

"Porque alguma coisa está acontecendo, mas você não sabe o que é. Ou sabe, senhor Jones?"


Atravessamos tempos difíceis. Somos testemunhas de um choque de proporções cataclísmicas entre duas tecnologias.
Abordamos o novo com o condicionamento psicológico e as reações sensoriais antigos.
Os povos primitivos, anteriores à escrita, integravam tempo e espaço em um único conceito e viviam, preferencialmente, em um espaço mais acústico, sem horizontes, ilimitado, olfativo e menos visual.
Já o homem moderno é um homem visual.
A escrita foi criada para nos ajudar a ver o que ouvimos.
Não temos portas para fechar os sons. Não possuímos pálpebras auditivas.
                                                            Satyât Nâti Parma Dharmah

AS PORTAS DA PERCEPÇÃO






































Na história da ciência, o colecionador de espécies precedeu ao zoologista. Sua preocupação primeira consistia em fazer um levantamento, em recolher, matar, empalhar e descrever tantos animais quantos lhe fosse dado apanhar.
Tal qual a Terra de há um século, nosso cérebro ainda possui suas misteriosas Áfricas e Amazônias. Seus ignotos Bornéus.
Com relação à fauna dessas regiões, ainda não somos zoologistas; não passamos de colecionadores de espécies.
Esta constatação é triste, mas temos que nos conformamos com ela e fazer o melhor que nos fôr possível.
                                                                                                Satyât Nasti Paro Dharmah

RONDA - De minhas sedes mitigadas



Bebi em copos tão finos
Que se podia pensar em quebrá-los com a boca
Antes mesmo que os dentes os tocassem;
E as bebidas pareciam melhores dentro deles
Porque quase nada as separavam de nossos lábios.
Bebi água quase deitado á margem
De regatos onde teria gostaria me banhar,

Com os dois braços nus mergulhados na água viva
Até o fundo, onde se vê pedras brancas agitarem-se...

As maiores alegrias de meus sentidos foram sede mitigadas.
                                                                   André Gide)

Satyât Nasti Paro Dharmah

quinta-feira, 13 de março de 2014

GAIA - José Lutzemberg

"Ou a espécie humana aprende a entrosar-se harmonicamente, ou desapareceremos da mesma forma que desapareceram os grandes sáurios".


A visão cartesiana que ainda domina grande parte do pensamento científico atual coloca-nos como observadores externos da natureza. Os alvos são estreitos e o raciocínio linear. Mas o mundo não é assim. Façamos um experimento mental: acaso seria possível um planeta cheio de vida, como o nosso, mas no qual a vida estivesse constituída apenas por animais, sem que existissem plantas? É claro que não. Por que não?                                                           
Mesmo aqueles animais que só se alimentam de carne, como o leão ou o gavião, que carne comem? Eles comem carne de animais herbívoros ou de animais carnivoros que comeram herbívoros. A coisa sempre termina na planta. Porque termina na planta? Simples: a planta sabe fazer uma coisa que animal nenhum consegue fazer. A planta domina a tecnologia da fotossíntese: capta energia solar, retira do ar gás carbônico, que combina com água para produzir substâncias orgânicas:  CO2 + H2O + energia solar = CH2O+O2.
Vamos agora inverter a nossa pergunta inicial: poderíamos imaginar um planeta com vida, mas sem animais, só com plantas? Impossível.
A fórmula  da fotossíntese mostra que o alimento principal das plantas é o gás carbônico. Mas ele é um gás raro na atmosfera. Porque as plantas não esgotam rapidamente o gás carbônico?  Porque os animais dominam a outra ponta do processo,  a tecnologia  da respiração, produzindo gás carbônico. 
Veja a fórmula simplificada da respiração:  CH2O + O2 = CO2 + H2O.   Exatamente o contrário da fotossíntese.
A planta capta gás carbônico e entrega oxigênio; o animal consome este oxigênio e devolve gás carbônico. O círculo se fecha e a energia que toca esse carrossel  é a radiação solar.
Planta e animal fazem parte da mesma unidade funcional, são órgãos de um organismo maior, o planeta Terra.


Satyât Nâsti Paro Dharmah

domingo, 9 de março de 2014

PROJETO GENOGRÁFICO - História Genética

História Genética: Sebastião Gonçalves do Amaral.
Juntos a IBM e a Nacional Geographic embarcaram numa expedição fascinante e possivelmente única na história humana, com destino ao nosso passado coletivo como espécie. Os participantes mais importantes nesta viagem não foram as organizações patrocinadoras – IBM, Nacional Geographic ou a Waitt Family Foudation -, mas todos nós, dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo que contribuíram com sua informação genética a este estudo.
Como participante desse evento, recebi o Kit do material, efetuei a coleta através da raspagem interna das bochechas e enviei-o ao Projeto Genographic. Isto ocorreu em 2007. Alguns meses depois recebi o resultado, que passo a descrevê-lo resumidamente.
Para ter acesso aos dados completos da pesquisa leie a íntegra do texto seguinte e acompanhe as próximas edições sobre o assunto. 
O resultado de meu cromossoma Y identificou-me como um membro do grupo da linhagem genética – haplogrupo E3b.
Haplogrupo (Hg)- são grupos de linhagens genéticas que compartilham uma mutação ou conjunto de mutações características. 
Como os haplogrupos se definem mediante mutações produzidas em um lugar e tempo específicos da história, normalmente apresentam distribuições geográficas representativas da era e do alcance dos sucessos migratórios que integram tal história. Se olharmos o mapa da rota de meus ancestrais, veremos que os membros do haplogrupo E3b carregam consigo as seguintes mutações do cromossoma Y, que são os marcos genéticos identificadores: M168;YAP;M96;M35.
Os marcos genéticos que definem meu ancestral histórico originaram-se a cerca de 60.000 anos com o aparecimento do primeiro marco comum de todos os homens não-africanos, M168, e prossegue em minha linhagem até os dias presentes, terminando com o M35, o marco definidor do haplogrupo E3b.
Jornada de meus ancestrais:

M168: Meu primeiro ancestral.
Época do aparecimento: a cerca de 50.000 a 75.000 anos.
Lugar de origem: África. Provavelmente norte da África, na região do Rift Valley, provavelmente onde fica hoje a Etiópia, Quênia ou a Tanzânia.
Clima: era do gelo. 
Período: Idade da pedra. 
Ferramentas e habilidades: Ferramentas de pedra.

YAP: Uma mutação ancestral.
Época do aparecimento: Cerca de 50.000 anos
Lugar de origem: África, principalmente no sub-Saara africano.
Clima: Idade do Gelo.
Período: Paleolítico Superior

M96 - O próximo ancestral em minha linhagem nasceu entre 30.000 a 40.000 anos no nordeste da África e teve origem do marco genético M96. 
A origem do M96 não é clara. O conhecido é que houve duas grandes ondas de migração para fora da África. A cerca de 40.000 anos o clima mudara mais uma vez e tornara-se mais frio e mais árido. Áreas verdes africanas tornaram-se desertos. 
Por 20.000 anos toda a região do Saara tornou-se inabitável. Com isso, meus ancestrais só tinham uma opção: mudar-se para o meio-leste - região do Mediterrâneo.

M35: Fazendeiros neolíticos.
Época do aparecimento: 20.000 anos
Lugar de origem: Meio-Leste.
Clima: Idade do Gelo.
Período: Paleolítico Superior e Neolítico. 
Meus ancestrais foram os primeiros agricultores das terras da região do Mediterrâneo. 
Ao final da última idade do gelo, cerca de 10.000 anos atrás, o clima mudara mais uma vez o que favoreceu à Revolução Neolítica, alterando o estilo de vida humano de caçadores nômades para agricultores, encorajando ainda mais a migração através do mundo Mediterrâneo.
Abaixo o texto integral do projeto,que deverá ser acompanhada com o vídeo cujo link encontra-se no início deste artigo.
Projeto Genoma (Clique para ver o vídeo)